Semana nacional da CGTP-IN estimula novas lutas

Trabalhadores exigem<br>demissão e soluções

Du­rante a se­mana na­ci­onal de luta, que a CGTP-IN con­vocou para pro­pi­ciar a con­ver­gência de ac­ções pela de­missão do Go­verno, por au­mentos sa­la­riais e pela re­so­lução de pro­blemas es­pe­cí­ficos de em­presas e sec­tores, mi­lhares de tra­ba­lha­dores re­a­li­zaram greves, ple­ná­rios e ma­ni­fes­ta­ções por todo o País.

Muitos mi­lhares estão na luta e afirmam-se prontos a con­ti­nuar

No do­mingo, na Meia Ma­ra­tona de Lisboa, fez-se ver e ouvir o pro­testo dos tra­ba­lha­dores, no per­curso que atra­vessou a Ponte 25 de Abril

No dia 13, tra­ba­lha­dores da Kemet des­lo­caram-se a Lisboa, para re­que­rerem da Pro­cu­ra­doria-Geral da Re­pú­blica uma in­ves­ti­gação sobre a uti­li­zação de verbas pú­blicas atri­buídas à mul­ti­na­ci­onal e para con­tes­tarem a in­tenção de des­lo­ca­li­zação da pro­dução e des­pe­di­mento de 127 pes­soas na fá­brica de Évora

Na sede da Liga dos Clubes de Fu­tebol Pro­fis­si­onal teve lugar uma con­cen­tração, no dia 13, exi­gindo a as­si­na­tura da re­visão do con­trato co­lec­tivo, acor­dada em 2011 e até agora re­cu­sada pela ac­tual di­recção, que tem re­cu­sado ne­go­ciar au­mentos sa­la­riais dignos. Os sin­di­catos da Ho­te­laria e Si­mi­lares, da Fe­saht/​CGTP-IN, re­a­li­zaram ainda ac­ções de pro­testo nos es­cri­tó­rios da Gertal e da Itau, também no Porto, no dia 10; junto de cli­entes do Hotel Mar­riott, na Praia d'el Rei e na Pou­sada do Cas­telo, em Óbidos, no dia 14; frente à Re­gião de Tu­rismo do Al­garve, no dia 12; e no Hotel Ca­sa­blanca Inn, em Monte Gordo, no dia 10

 

Ontem, em reu­nião do seu Con­selho Na­ci­onal, a In­ter­sin­dical iria ana­lisar as lutas re­a­li­zadas, as me­didas anun­ci­adas pelo Go­verno (de­sig­na­da­mente, quanto a con­tra­tação co­lec­tiva, sa­lá­rios, le­gis­lação la­boral e «re­forma» do Es­tado) e a es­tra­tégia sin­dical para os pró­ximos tempos. Tal como su­cedeu nas in­ter­ven­ções pú­blicas mais re­centes do Se­cre­tário-geral, Ar­ménio Carlos, na reu­nião de ontem de­ve­riam estar em des­taque as co­me­mo­ra­ções dos 40 anos do 25 de Abril e do 1.º de Maio em li­ber­dade, fa­zendo delas novos pontos altos da luta dos tra­ba­lha­dores.

Luta a subir 

Ini­ciada dia 8, como no­ti­ciámos, a se­mana na­ci­onal de luta teve como mo­mento maior a ma­ni­fes­tação da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, no dia 14. Ou­tras im­por­tantes ac­ções com­pro­varam que mi­lhares de tra­ba­lha­dores to­maram a de­cisão de lutar e afir­maram ainda que estão dis­postos a pros­se­guir, alargar e elevar a luta.

A União dos Sin­di­catos de Braga, por exemplo, des­tacou a re­a­li­zação de um ple­nário dos tra­ba­lha­dores da CM de Bar­celos, com des­lo­cação aos Paços do Con­celho, no dia 12, quarta-feira, pela se­mana de 35 horas, pelo au­mento dos sa­lá­rios e pela con­tra­tação co­lec­tiva. Ainda em Bar­celos, a USB/​CGTP-IN marcou com pro­testos po­pu­lares, no dia 14, sexta-feira, a pre­sença do pri­meiro-mi­nistro numa inau­gu­ração no Ins­ti­tuto Po­li­téc­nico do Cá­vado e do Ave.

No dia 13, quinta-feira, o SITE Norte or­ga­nizou ple­ná­rios pú­blicos de tra­ba­lha­dores, junto ao co­reto das Taipas (Gui­ma­rães) e frente às em­presas de cu­te­laria Mafil e Herdmar, exi­gindo au­mentos sa­la­riais (não ocorrem na Mafil há nove anos), tanto mais que são pú­blicos dados que in­dicam um cres­ci­mento do sector, em 2012, dos mai­ores de sempre. O sin­di­cato da Fi­e­qui­metal/​CGTP-IN exigiu ainda que a Herdmar pare com as pres­sões para que os seus as­so­ci­ados deixem de ser sin­di­ca­li­zados.

Também contra o blo­queio da con­tra­tação co­lec­tiva, o sin­di­cato re­a­lizou no dia 14, sexta-feira, uma con­cen­tração frente à Efacec, em Leça do Balio (Ma­to­si­nhos), para exigir que a em­presa use a sua in­fluência na Animee e leve esta a ini­ciar ne­go­ci­a­ções.

No mesmo dia, em Vila Franca do Ro­sário (Mafra), o Sintab pro­moveu uma con­cen­tração, frente à fá­brica da Si­casal, em de­fesa do con­trato co­lec­tivo nas in­dús­trias de carnes. O sin­di­cato da Fe­saht/​CGTP-IN adi­antou que esta será a pri­meira de meia-dúzia de ac­ções contra a in­tenção de de­núncia do con­trato, já as­su­mida pela as­so­ci­ação pa­tronal APIC.

No sá­bado, dia 15, re­a­li­zaram-se ma­ni­fes­ta­ções no Bar­reiro e em Olhão. Ambas abra­çaram as rei­vin­di­ca­ções da CGTP-IN para a se­mana de luta. No Al­garve foi acen­tuada a ne­ces­si­dade de so­lução para os pro­blemas dos ma­ris­ca­dores.

Em Grân­dola e em San­tiago do Cacém, no dia 11, terça-feira, re­a­li­zaram-se con­cen­tra­ções de tra­ba­lha­dores das au­tar­quias lo­cais e utentes dos ser­viços pú­blicos (ac­ções se­me­lhantes ti­nham ocor­rido já em Sines, a 26 de Fe­ve­reiro, e em Al­cácer do Sal, a 7 de Março).

Por me­didas ur­gentes para o bom fun­ci­o­na­mento do hos­pital de Lagos, em es­pe­cial quanto à falta de pes­soal re­cen­te­mente de­nun­ciada pelo SEP/​CGTP-IN, mais de um mi­lhar de pes­soas par­ti­cipou no dia 15, sá­bado, numa con­cen­tração junto àquela uni­dade de saúde.

Num ple­nário com cerca de 250 tra­ba­lha­dores, re­a­li­zado pela pri­meira vez no in­te­rior da fá­brica da So­porcel, em Lavos (Fi­gueira da Foz), na sexta-feira, dia 14, foi apro­vado um ca­derno rei­vin­di­ca­tivo e foi de­ci­dido con­testar em tri­bunal o novo fundo de pen­sões, que alivia os custos da em­presa e deixa os di­reitos do pes­soal de­pen­dentes das flu­tu­a­ções do mer­cado.

O STAL de­cidiu re­a­lizar, de an­te­ontem até hoje, con­cen­tra­ções de tra­ba­lha­dores de au­tar­quias lo­cais do dis­trito de Se­túbal à porta do Mi­nis­tério das Fi­nanças, in­sis­tindo na exi­gência de pu­bli­cação ime­diata dos acordos (ACEEP) que foram ne­go­ci­ados e al­can­çados mas estão re­tidos pelo Go­verno, que assim pro­cura im­pedir a apli­cação da se­mana de 35 horas e ou­tras con­di­ções la­bo­rais, mais fa­vo­rá­veis do que a lei geral.

 

Cal­ze­donia con­de­nada

A Re­lação de Évora con­firmou a con­de­nação da Cal­ze­donia por as­sédio de uma su­per­vi­sora a uma res­pon­sável de loja e esta já foi res­sar­cida, re­velou na se­mana pas­sada o CESP/​CGTP-IN, num co­mu­ni­cado em que veio também re­cordar como com­bater o as­sédio (moral ou se­xual) no local de tra­balho.

De­pois da greve de dia 8 (que levou, por exemplo, ao en­cer­ra­mento da loja no Fundão e a con­cen­tra­ções em Braga e nou­tras lo­ca­li­dades), a luta dos tra­ba­lha­dores da Mo­vi­flor pelo pa­ga­mento dos sa­lá­rios em dí­vida, contra o des­pe­di­mento co­lec­tivo e pela vi­a­bi­li­zação da em­presa, que o PER não está a as­se­gurar – im­pediu a aber­tura da loja no Porto, na manhã de dia 15.

Para Vila Real de Santo An­tónio, no dia 14, o CESP con­vocou uma con­cen­tração de tra­ba­lha­dores do co­mércio, pelo au­mento de sa­lá­rios.

Para dia 24, o sin­di­cato tem mar­cada uma reu­nião com a FNAC, para ins­ti­tuir um diá­logo per­ma­nente e co­locar al­guns pro­blemas de­tec­tados na pri­meira reu­nião de de­le­gados sin­di­cais de al­gumas lojas, re­a­li­zada a 13 de Fe­ve­reiro, em Lisboa.




Mais artigos de: Trabalhadores

Militares à beira de gritar

O «des­file da fa­mília mi­litar», entre a Praça Luís de Ca­mões e o Pa­lácio de São Bento, não teve pa­la­vras de ordem, mas no final o pre­si­dente da ANS evocou Zeca Afonso e apelou a que «não nos obri­guem a vir para a rua gritar».

Greve na Valorsul

Às zero horas de segunda-feira começou, com adesão total, uma greve de quatro dias dos trabalhadores da Valorsul. Na madrugada de 16 para 17, junto à central de São João da Talha, teve lugar uma concentração, onde esteve também o Secretário-geral da...

Vitória no Arsenal do Alfeite

Ao fim de nove anos de batalha jurídica, os trabalhadores do Arsenal do Alfeite viram reconhecida em tribunal, e estando já esgotadas as hipóteses de recurso, a correcção de uma grave ilegalidade e a devolução do dinheiro que lhes fora indevidamente descontado. A...